com base Arnold N, escala 1:160

A. Modelo base

O tema deste trabalho é obter um modelo de qualidade, reproduzindo um vagão da Época V, apto a circular em via de 9 mm.

Há muitas referências da Arnold deste vagão, como as antigas 0358, 4789 ou 4794, ou mesmo o modelo “CP” 4792 (esta última é rara e será melhor guardar!).
As mais recentes começam por ‘HN’, produzidas já dentro do grupo Hornby Hobbies, como as HN6002, HN6005, HN6144 ou a HN6200, que corresponde ao modelo aqui finalizado.
Todas têm a estrutura em quadrilátero convexo do chassis em baixo, que é adequado, em plástico preto ou óxido.
A cobertura do chassis em cima pode ser tanto óxido ou cinza, conforme as referências.
Felizmente já trazem os 4 ganchos delicados nos cantos de cima e batentes redondos.
Vêm com 2 estribos numa extremidade.

Descreve-se a conversão em 8 passos.

B. Material Necessário

Pinca de precisão com pontas de agulha, pincel fino 2/0 ou 000, pincel normal Nº2 ou Nº3, lima de metal fina; broca manual; brocas de 0,4 ou 0,5 mm, bisturi de modelismo, polidor tipo Proxxon ou manual, caneta de fibra-de-vidro, cola de cianoacrilato gel e fluido, ganchos de arrasto da TrenMilitaria Ref. NMAT-000_0062.

Tintas: Vallejo: 70.982 Cavalry Brown, branco mate e amarelo mate.

Vernizes: brilhante + baço de qualidade.

Decalques TrenMilitaria: N-CP-000_0118 (recomendado, protótipo identificado em foto) ou N-CP-000_0013 (original da marca, protótipo não identificado).

Recomendado para colar decalques: Micro Set e Micro Sol, ou equivalente.

C. Conversão

Passo 1. Remoção dos Detalhes Incorretos

Para preparar o modelo podem ser retirados os engates NEM e as rodas, mas tal não é indispensável.

Remover as letras impressas com lixa fina de água ou caneta de fibra, levemente. Como o modelo será depois todo pintado não é necessário ser exaustivo.

Remoção da barra e caixa de registos originais:
Com a ajuda de bisturi ou polidor fino remover os detalhes salientes do painel mais à esquerda, no local indicado.

Para finalizar o acabamento poderá ser mais fácil aplicar levemente a caneta de fibra, até se obter uma superficie praticamente lisa.

Passo 2. Colocação do Estribo

O vagão CP tem 3 estribos. O modelo original tem em falta um estribo, no canto oposto direito (ou esquerdo com o modelo virado).

Foi usado como estribo uma peca da MFTrain, que se vende em separado, neste caso a Ref. N90074.

Para colocar mais facilmente o estribo foi efetuado um furo com broca manual fina, no canto correspondente. Assim é mais fácil prender o estribo, colado com cianoacrilato gel.

Passo 3. Colocação de detalhes em latão fotogravado

Antes de colar os ganchos recomenda-se limar a parte mais saliente das 4 barras verticais mais externas, na parte abaixo das placas laterais do corpo do vagão. Assim obtém-se uma superficie mais lisa para assentar melhor os ganchos.

Os ganchos devem ficar ligeiramente salientes para baixo (ver Fig. 5).

A forma mais fácil de colar os ganchos será com cianoacrilato gel.

Após secar a primeira colagem recomenda-se colocar uma diminuta gota de cianoacrilato liquido para se espalhar e consolidar a fixação do latão ao plástico.

Posteriormente, a pintura e os vernizes vão fazer com que os ganchos se “fundam” ainda mais com o modelo.

Caixa de registos (produção própria, latão de 0,15 mm)

A caixa de registos pode ser facilmente fixada com cola branca, um pouco diluida com água.

A folha de 0,15 mm foi semi-desbastada, ficando com espessura de apenas 0,075 mm na grelha, pelo que as colas fortes irão deformar o fino latão, devido às tensões criadas.

Alternativamente pode-se simplesmente: pintar um quadrado preto; ou colar um quadrado de poliestireno fino, com cerca de 2 mm de lado.

Volante de freio com 5 raios curvos (produção própria, latão de 0,25 mm)

Após secar afina-se o comprimento da haste para tocar no bordo do chassis inferior, de modo a que o volante fique alinhado com a base da carroçaria e meio sobre o gancho de arrasto. Cola-se a haste ao bordo saliente do chassis e o volante ao próprio gancho.

Atenção: os volantes ficam do lado com 2 estribos, um em face do outro.

Passo 4. Pintura exterior do modelo.

Só será necessário pintar as 4 paredes exteriores, os batentes e a estrutura de apoio inferior do chassis, sobretudo se esta vier em preto.

A cor óxido CP é bem simulada pela cor Vallejo: 70.982 (137) RAL 3009, Cavalry Brown.

Deve utilizar-se a tinta bem liquida, podendo humedecer-se o pincel com agua, ou aplicar o diluente Valejjo 524. Se necessário dar uma 2ª demão, sempre muito liquida para não criar estrias grossas.

Uma discreta textura é aceitável, porque os vagões reais com o uso ficam bastante amolgados.

A caixa de registos pode ser ou não pintada a preto, sem ou com pequenos “picos” a branco, preto ou óxido na grelha.

O volante de freio é pintado em amarelo.

Os pratos-de-choque e a “gola” dos batentes podem depois ser irregularmente pintados com preto.

Passo 5. Pintura dos Ganchos de Arrasto

Nesta fase os ganchos de arrasto já devem estar bem fundidos com o modelo. Agora iremos realça-los através da pintura.

Passo 6. Primeiro Verniz

Todas as superfícies pintadas são cobertas por verniz brilhante, que protege o trabalho e constitui uma superficie lisa ideal para colar os decalques.

Foi usado o Vallejo 70.510, mas qq verniz de qualidade para modelismo serve.

Nota: os vernizes de má qualidade amarelecem com o tempo.

Passo 7. Colocação dos Decalques

Exemplo com decalques da TrenMilitaria, ref. N-CP-000_0118, que corresponde à matricula do vagão 175-0, tal como fotografado nas Devesas por LUISFER.

Outras referências TrenMilitaria aqui não referidas irão exigir pequenas alterações na colocação, a fim de ficarem como os protótipos.

Pode ser conveniente dispor de duas folhas, caso algum elemento se estrague durante a operação!

É muito útil dispor de uma foto do vagão real ou de um modelo acabado como guia.

Passo 7. Colocação dos Decalques

Exemplo com decalques da TrenMilitaria, ref. N-CP-000_0118, que corresponde à matricula do vagão 175-0, tal como fotografado nas Devesas por LUISFER.

Outras referências podem exigir pequenas alterações na colocação, a fim de ficarem como o protótipo.

Pode ser conveniente comprar duas folhas, caso algum elemento se estrague durante a operação!

É muito útil dispor de uma foto do vagão real ou de um modelo acabado como guia.

Passo 8. Verniz de Finalização

Uma passagem de verniz mate permitirá cortar o brilho excessivo do modelo e selar os decalques.

Pode ser utilizado o Vallejo 520, eventualmente com um toque do diluente 524, que não atacam os decalques.

Mesmo que não pretenda seguir todos estes passos, este artigo poderá ser um guia para os passos de conversão preferidos, segundo o gosto de cada um.

O latão fotogravado de produção própria poderá ser solicitado por associados do N Clube, se desejado.

 v 2.1
Nota: neste documento foi propositado não acentuar os ‘ii’.

Versão do documento em formato PDF.

Como é habitual, quando queremos fazer rolar material circulante da CP/Takargo/Medway em escala N, temos grande dificuldade em o encontrar no mercado. Em tempos houve algum material da CP lançado pela Arnold e pela Ediclube (este sem motor), e há pouco tempo foi lançado pela Hobbytrain locomotivas da CP e da Medway. Foram também lançadas locomotivas da Takargo e da Medway pela SudExpress. No ano de 2022, o CIM-HO lançou uma automotora CP 0300+Reboque (Allan) em resina e sem motor. Estamos ainda à espera de que a Arlo Micromodel lance algum material circulante de que vai mostrando os protótipos há algum tempo.

Enquanto esperamos por mais material CP/Takargo/Medway, podemos modificar algumas unidades de outras Companhias em CP.

Foi o que eu fiz. Peguei em material da Fleischmann, artigos 8311 (fig. 1) e 8319, transformei-os em vagões CP G (fig. 14) e da Roco, artigos 25565 (fig. 2) e 25385 e transformei-os em vagões CP Ealos (fig. 15) e CP Ekkls (fig. 16), respectivamente.

O material necessário para tal é muito pouco, pois se não formos puristas, podemos fazer a alteração directamente sem fazer modificações, como por exemplo os reforços nas portas dos vagões Ealos, ou pinturas no material circulante.

Para tal vamos necessitar de: álcool isopropílico; cotonetes; tesoura ou x-acto; pincel fino; decalques (fig. 3, fig. 4 e fig. 5); MicroSol da Microscale (fig. 6); Decal Adhesive (Softener Type) da Tamiya (fig. 7); tinta Prata Vallejo 70997 (para os vagões CP G), verniz mate da Vallejo (fig. 8) e verniz de qualquer marca (eu usei verniz mate da Luxens) (fig. 9). E muita paciência.

Desmontamos os modelos o mais que podemos (fig. 10). Não queremos fazer estragos para não termos trata-mento de corte e costura para refazer os modelos, posteriormente.

Fig. 10

Como não queremos alterar a cor do material, embebemos os locais com a tampografia original com o álcool isopropílico para remover o lettering e a camada de verniz que o protege, mantendo esses locais húmidos. Com a ajuda de um cotonete também embebido com álcool, pois não queremos estragar o material com riscos, vamos retirando os números e as letras que não queremos que fiquem, neste caso, tudo (fig. 11). 

Verificamos que depois de retirado o lettering, as cores da base ficam ligeiramente alteradas e mais brilhantes. Não há problema, pois o verniz final faz milagres.  

Depois de tudo muito bem seco e sem qualquer sujidade, damos uma camada com o verniz da Luxens, ou outro qualquer, para que o material fique liso e uniforme. Vamos agora colocar os decalques com o novo lettering da CP (fig. 12). No meu caso mandei-os vir da TrenMilitaria (Espanha), onde existe uma grande panóplia de decalques para CP em escala N: http://www.trenmilitaria.com/TM_Calcas_N_Nm.htm

Para tal, no local onde queremos colocar os decalques, passamos um pouco de MicroSol com o pincel para humedecer e não haver bolhas quando os colocarmos. Fazemos a transferência normal do decalque da sua base para o modelo, depois de o termos cortado à medida e colocado de molho em água por breves instantes. Com o pincel fazer os ajustes para que o lettering fique conforme (ou muito parecido) com o original.

Fig. 13

Depois do decalque secar, o que leva sempre o seu tempo, passamos um pouco de Decal Adhesive por cima para que fique perfeitamente integrado na base onde está colocado, tenha ela sulcos ou vivos. Normalmente é necessário fazer esta operação várias vezes e termos algum cuidado, pois podemos deslocar o decalque sem querer. A mim aconteceu-me este particular e depois tive algum (bastante) trabalho para o recolocar, uma vez que se virou e não queria voltar para o sítio (fig. 13).

Usei a tinta Prata da Vallejo apenas para dar um apontamento nas grelhas das janelas dos respiros dos vagões G.

Quando virmos que está tudo como nós pretendemos, podemos passar uma pequena camada de verniz da Vallejo para selar os decalques e uniformizar o trabalho.

E temos o material pronto para colocar a carga e pô-lo a circular com o lettering da CP.

Divirtam-se.

Manuel Cortinhas

Maio 2023.